sábado, março 12, 2011

Literatura japonesa - Part 1

Postado por Stefani Almeida às 4:31 AM
A literatura japonesa cobre um período de quase dois milénios. As primeiras obras são fortemente influenciadas pelo contacto cultural com a China e a literatura chinesa, uma influência que permanece até ao período Edo. Com o reabrir dos portos ao comércio e aos contactos diplomáticos com o Ocidente, no século XIX, a literatura ocidental também veio influenciar o estilo dos escritores japoneses.


A literatura japonesa é usualmente dividida em três períodos: Antigo, Medieval e Moderno.


Período antigo (até 894)

Com a importação dos kanji da China, criou-se o primeiro sistema de escrita japonês (antes da introdução do caracteres chineses não existia escrita formal).
Os caracteres chineses foram depois adaptados para escrever japonês, criando aquela que é considerada a primeira forma de kana, ou escrita silábica, o man'yōgana. As primeiras obras foram criadas no Período Nara, entre elas incluem-se o Kojiki (712, um trabalho registando a mitologia japonesa e lendas da antiguidade), o Nihonshoki (720, uma crónica com mais profundidade histórica) e o Man'yōshū (759, uma antologia poética).
Ainda que não existisse literatura escrita, foram compostas um número considerável de baladas, orações rituais, mitos e lendas que, posteriormente, foram reunidas por escrito e incluem-se na Kogiki (Relação de questões antigas, 712) e a Nippon ki (Livro de História do Japão antigo, 720), primeiras histórias do Japão que explicam a origem do povo, a formação do Estado e a essência da política nacional. A lírica surgida das primitivas baladas incluídas nestas obras estão compiladas na primeira grande antologia japonesa, a Maniosiu (Antología de inumeráveis folhas), realizada por Otomo no Yakamochi depois de 759 e cujo poeta mais importante é Kakimoto Hitomaro.



Período clássico (894 a 1194, o período Heian)

Normalmente considera-se como período clássico da literatura japonesa o período Heian, referida também como uma época áurea da arte e literatura. A "Lenda de Genji" (Genji Monogatari) que data do início do século XI e foi composto por Murasaki Shikibu, é considerada a mais proeminente obra de ficção deste período e também como uma das primeiras composições literárias em forma de novela.
Outros trabalhos importantes deste período incluem o Kokin Wakashu (905), uma antologia de poesia waka e "O Livro de Almofada" Makura no Sōshi (990s), sendo o segundo escrito por Sei Shonagon, contemporâneo e rival de Murasaki Shikibu.
Durante este período, a corte imperial apoiava os poetas, a maior parte dos quais eram cortesãos ou damas de companhia, havendo uma constante edição de antologias de poesia. Como reflexo da atmosfera aristocrática, a poesia produzida era elegante e sofisticada, exprimindo emoções de forma retórica.
A Kokin-siu (Antologia de poesia antiga e moderna, 905) foi reunida pelo poeta Ki Tsurayuki que, no prefácio, proporcionou a base para a poética japonesa. Ki Tsurayuki é também conhecido como autor de um nikki, primeiro exemplo de um importante gênero literário japonês: o diário.
Escrito pela japonesa Murasaki Shikibu no século XI, é considerada a obra capital da literatura japonesa e o primeiro romance propriamente dito da história. Nesta cena do capítulo Asagao, o príncipe Genji acaba de regressar de uma frustrante visita ao palácio de sua amante, a princesa da Glória Matutina. Enquanto conversa sobre suas outras amantes com sua esposa favorita, Murasaki, contempla como suas criadas jogam na neve. O romance está repleto de ricos retratos da refinada cultura do Japão do período heian, que se mesclam com agudas visões da fugacidade do mundo.
A literatura do começo do século X aparece em forma de contos de fadas, como O conto do cortador de bambú, ou de poemas-contos, entre eles, Ise monogatari (Contos de Ise, c. 980). As principais obras da literatura de Heian são Genji monogatari (Contos ou História de Genji, c. 1010) de Murasaki Shikibu, primeiro importante romance da literatura mundial, e Makura-no-soshi (O livro travesseiro) de Sei Shonagon.

Período medieval (1195 a 1600)
A literatura medieval japonesa é marcada por uma forte influência do budismo Zen, sendo as personagens padres, viajantes ou poetas ascéticos. Durante este período ocorreram diversas guerras civis no Japão que levaram à formação de uma classe de guerreiros, e subsequentemente à redacção de contos e histórias tendo como temática a guerra. Os trabalhos deste período são notados pela suas considerações acerca da vida e da morte, estilos simples de vida e redenção através da morte. Um trabalho representativo é Heike Monogatari (1371), uma descrição da luta épica entre os clãs Minamoto e Taira pelo controlo do Japão no final do século XII, outros trabalhos importantes deste período são Hojoki (1212) de Kamo no Chōmei e Tsurezuregusa (1331) de Yoshida Kenko.
Outros géneros notáveis deste período são o renga, ou verso ligado, e o teatro Noh theater. Ambos com forte desenvolvimento a meio do século XIV, o início do período Muromachi.
A primeira de várias antologias imperiais de poesia foi a Shin kokin-siu (Nova coleção de poemas antigos e modernos, 1205) resumida por Fujiwara no Teika. A obra em prosa mais famosa do período, os Heike monogatari (Contos do clã Taira, c. 1220), foi escrita por um autor anônimo. Destacam-se A cabana de três metros quadrados (1212) do monge Abutsu, e Ensaio em ócio (1340) de Kenko Yoshida. O tipo de narrativa mais importante desta época foram os "otogizoshi", coleção de relatos de autores desconhecidos.
O desenvolvimento poético fundamental do período posterior ao século XIV foi a criação do renga, versos unidos escritos em estrofes repetidos por três ou mais poetas. Os maiores mestres desta arte, Sogi, Shohaku e Socho, escreveram, juntos, o famoso Minase sangin (Três poetas em Minase) em 1488.

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